quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fashion

         Cada estação que passa somos bombardeados por anúncios na tv, websites e até uma pressão social para obter novas peças no guarda roupa. A moda impõe um ritmo de consumo que não dá trégua pra quem não tem os bolsos recheados. É um ciclo que não para nunca, fazendo jus ao compasso do capitalismo. Não muito tempo atrás uma coleção demorava algum tempo para ficar pronta, podendo refletir a ideologia de sua época, principalmente com o turbilhão de acontecimentos do século XX. Me parece que naquele tempo a moda era mais leal às suas origens.

                                                         
       Hoje em dia, como quase tudo, ela se traduz em algo artificial. Desde o processo de criação, que ainda guarda um pouco do romantismo de antigamente (para alguns), passando aos desfiles, divulgação, premiações e até finalmente chegar às lojas para os consumidores, o universo fashion parece que trabalha sem parar numa repetição constante do processo anterior. É verdade que desde seu surgimento a moda procurou sempre lucrar com suas invenções e o objetivo de vender suas peças não é novidade, mas sinto que hoje em dia os objetos vem cada vez mais a representar um vazio em si mesmo.


         Por conta da indústria que não pode parar, tudo é muito fácil, rápido. Se antigamente uma coleção podia refletir uma posição política hoje o universo da moda fala por si mesmo. As pessoas, e aqui me refiro às celebridades, que tem acesso às peças recém-saídas de uma coleção tem como missão de vida adquirir a bolsa do momento, sapato, calça e quando tudo isso virar "new vintage" começa novamente todo o processo. Por exemplo, eu entendo que para nós mulheres uma bolsa que nos acompanha pra todo lugar deve significar algo de nossa história, mais do que simplesmente um objeto. Qual o prazer de usar uma bolsa novíssima a cada dia se ela não traz consigo o sentimento reconfortante das memórias individuais? Poder ter uma peça exclusiva que está bombando no mundo fashion é muito legal mas o ponto aqui é:  porque o seu status social deve depender de tudo de novo que você tem? Parece que nossos gostos pessoais tem de se moldar, pontualmente, a cada três meses para não acabarmos como nossas roupas, ultrapassadas, vazias, obsoletas.




Fotos: Reprodução Web

Novo ou velho?

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